Nos primeiros quatro meses de 2023, a maioria das Unidades de Pronto Atendimento do Distrito Federal atendeu pacientes acima do tempo estabelecido como meta. Por exemplo: o tempo de espera estipulado para aqueles com classificação amarela é de até 60 minutos. No entanto, em grande parte das UPAs, essa média foi ultrapassada entre janeiro e abril.
Os dados constam em relatório produzido pela Secretaria de Saúde do DF (SES-DF). Para realizar o levantamento, a pasta utilizou dados disponibilizados pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges-DF), responsável pela administração das UPAs.
Leia também
De acordo com os dados, a UPA de Vicente Pires é a que mais teve demora no atendimento a pacientes de classificação amarela — quando a situação é considerada “pouco urgente”. Em janeiro, quem procurou a unidade e obteve essa rotulagem esperou cerca de 160 minutos para ser encaminhado ao atendimento.
O relatório não traz informações sobre o tempo de espera das UPAs de Samambaia, Ceilândia, Núcleo Bandeirante, Sobradinho 2, São Sebastião, e Recanto das Emas.
Atendimentos leves
Ainda de acordo com o levantamento, pessoas categorizadas em situação verde durante a triagem — ou seja “não urgente” — também esperaram acima dos 120 minutos estabelecidos como o tempo de espera ideal.
Em abril, a UPA do Paranoá registrou o recorde do tempo de espera para esses pacientes, que chegaram a aguardar 342 minutos por atendimento.
A demora no atendimento incomoda a população e os servidores. No ano passado, uma enfermeira levou um soco no rosto e recebeu arranhões na UPA do Recanto das Emas. Na ocasião, a acompanhante de uma paciente cobrava celeridade no atendimento. Até que se irritou com a demora e agrediu a enfermeira.
Você pode gostar
Após agressões a servidores, Iges pede segurança da PM nas UPAs do DF
Em abril deste ano, uma mulher xingou uma enfermeira da UPA de São Sebastião e foi presa por policiais militares que estavam no local.
Déficits nas UPAs
O relatório ainda traz informações sobre déficit de profissionais nas UPAs. Todas as unidades estão com falta de fisioterapeutas. Auxiliares de saúde e de manutenção também estão em escassez.
Nas considerações finais, o documento, assinado pela secretária de Saúde Lucilene Florêncio, observa que todas as Unidades de Pronto Atendimento apresentaram atendimento médico e de urgência “bem acima da meta contratual correspondente, demonstrando-se, assim, um subdimensionamento desta meta”.
“Há de se ressaltar, ainda, que para algumas Upas existe discrepância entre as metas contratuais e aquelas da opção de custeio, o que evidencia necessidade de alterações contratuais. Apesar das reiteradas solicitações, o Iges-DF não apresentou todos os dados necessários para o monitoramento […]”, completa o texto.