O distrital Daniel Donizet investigado pela Polícia Civil e Ministério Público nega sua participação mesmo com fortes indícios denunciados pelas vítimas e testemunhas
Por Mino Pedrosa
A orgia promovida em um quarto de motel pelo deputado distrital Daniel Donizet e dois assessores, um com grau de parentesco, Marco Aurelio Oliveira Barbosa, lotado no gabinete do deputado com um supersalário de R$ 17 mil reais pagos pela Câmara Distrital, trouxe à tona um crime por agressão covarde a uma acompanhante profissional do sexo que narra, em detalhes, à polícia civil do DF, um fato criminoso em ambiente único com seis pessoas, três, casais o chamado, “bacanal”.
Até aí, a “festividade” poderia ser tratado com normalidade, mas a covardia com agressões físicas que provocaram lesões por todo o corpo da vítima, uma das garotas que deixaram vários hematomas periciados pelo IML do Distrito Federal, tornou-se um caso policial nada corriqueiro, envolvendo pelo menos uma autoridade pública em Brasília.
O deputado do PL conhecedor das leis, participou, segundo a vítima, de um estupro coletivo quando a vítima se recusou a praticar sexo sem preservativo. Embriagados, o assessor principal, Marco Aurelio, exigiu da acompanhante, já que estava pagando pelo sexo, a obrigação da vítima a manter a relação sem camisinha e desferiu socos e pontapés praticando, contra a vontade da garota, o coito forçado característico de estupro.
Ali, naquele quarto, as mulheres se sentiram reféns pelo poder da autoridade pública e, acuadas, foram obrigadas a praticar o sexo sem preservativo. Diante da violência praticada pelo assessor parlamentar Marco Aurelio Oliveira Barbosa, na presença do chefe e deputado, a acompanhante Bárbara Toledo foi violentada com penetrações não consentidas sem preservativo.
Todo o tempo, em clima de terror, Bárbara insistia em deixar o local por não concordar com a violência sofrida e a promiscuidade do agressor. O clima tenso tirou a proposta festiva do evento e transformando o local em uma cena de crime.
Pressionadas pelo poder que o parlamentar possui junto às autoridades policiais, Bárbara deixou para o amanhecer para denunciar fazendo um relato na 5ª Delegacia de Polícia, considerada local para denunciar flagrantes, e foi orientada a procurar as autoridades do Núcleo Bandeirante, 11* delegacia onde o distrital Hermeto,(MDB-DF), possui trânsito “privilegiado”, e poderia acompanhar a denúncia com mais parcialidade, ajudando o colega.
A vítima então prestou depoimento e se dirigiu ao IML para fazer exame de corpo delito. Aguardando por quase três meses o desfecho da denúncia, a profissional do sexo percebeu que se tratava de um engavetamento da denúncia e então procurou a imprensa com o intuito de denunciar uma impunidade praticada pelo parlamentar.
As denúncias não param por aí, após a TV Globo veicular o acontecido, apareceram outras vítimas de assédio moral e sexual praticadas pelo deputado Daniel Donizet. Estas vítimas estiveram no Ministério Público na manhã desta sexta-feira (14) e, em depoimento, denunciaram o distrital por abuso sexual e assédio moral.
Procurado pela imprensa, o delegado do caso pediu que as perguntas fossem encaminhadas à assessoria de imprensa, já que está de férias. Já a assessoria da corporação informou que não havia nenhuma ocorrência dessa natureza. A vítima, no entanto, tem em mãos um depoimento registrado em papel timbrado da Polícia Civil, relatando o acontecido.
Logo após a reportagem veiculada pela TV Globo, a Polícia Civil alegou que a investigação corre em sigilo. Nos bastidores, depoimentos de participantes da orgia confirmam a presença do deputado no mesmo ambiente do acontecido e reiteram que os seis participantes do bacanal chegaram no mesmo veículo ao motel e há a suspeita de o veículo ser alugado para atender o parlamentar e pago pela CLDF.
Mesmo não sendo o veículo da própria Câmara, por ser pago com dinheiro público, passa a ser de responsabilidade do parlamento local. O deputado Daniel Donizet nega veementemente a participação dele na orgia e diz que a Polícia Civil investigou e o isentou de qualquer responsabilidade, mas não é bem assim. Os indícios, depoimentos e as provas são contundentes e agora estão em poder do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.
Com os novos depoimentos, o cerco se fecha em torno do parlamentar e a Câmara Legislativa usa a Comissão de Direitos Humanos e de proteção ás mulheres para investigar, com isenção, o caso e, se caso for, punir com todo o rigor a conduta do parlamentar e de seu assessor próximo, o agressor covarde.